Eles dão o que pensar. São simples, como devem ser os bons aforismos, mas botam o dedo em feridas não muito bem cicatrizadas. A seguir, os aforismos e uns breves comentários meus.
- Trabalhar o mínimo possível, ganhar o mínimo necessário.
Lembra uma sentença do Marx: "de cada um conforme sua capacidade, a cada um conforme sua necessidade". Mas só lembra: na verdade, referem-se a situações completamente diferentes. A da Luana diz respeito ao mundo em que vivemos e do Marx ao mundo que ele propõe. Nas duas, a questão delicada da necessidade. Quem define o que é necessário, e como? É necessário trabalhar que nem louco para comprar do bom e do melhor? Ou é mais necessário ter prazer? Ou liberdade, tempo? Em que medida o necessário é apenas o que nos acostumamos ou o que nos parece mais cômodo? Será que o "necessário" não é simplesmente o usual - sendo assim, perfeitamente questionável e mutável? Os limites não são mesmo extremamente maleáveis - para mais ou para menos?
- Fora da realidade. E daqui eu olho para ela.
Para uns, estar dentro da realidade é "aceitar as regras do jogo" - questioná-las é estar fora. No entanto, das várias realidades possíveis e em choque, é bem possível que as regras do jogo tenham sido criadas numa com a pretensão de serem válidas nas demais. Acreditar nisso, parece, é também estar "fora da realidade"... então, para vcs, cá estamos.
Virgílio (e Luana, claro)
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