7 de março de 2013

Politicamente incorreto, moralmente correto?

Parece contraditório, mas não é: a virulência de certas opiniões manifestas em defesa de uma suposta "liberdade de expressão" é paralela a um impulso igualmente forte de estigmatizar e condenar qualquer tipo de "conduta desviante" ou moralmente "condenável".
De um lado, são tratados com impaciência ou hostilidade aqueles que se levantam contra diversas formas de opressão cotidiana, como o racismo ou o sexismo. São acusados de "intolerância", ou de "autoritarismo", de quererem calar quem pensa diferente deles. Mais apropriadamente, são pressionados a deixar que manifestações racistas, machistas ou homofóbicas sejam veiculadas sem nenhum tipo de responsabilização, sem sofrerem críticas ou desmentidos.
De outro lado, a defesa de direitos humanos ("pra bandidos", como muitos se apressam em acusar), ou de manifestações políticas em espaço público, da reivindicação coletiva por direitos sociais, são rapidamente rotuladas como coisa de quem "não tem o que fazer". Se falamos então de comportamentos que fogem aos padrões normativos dominantes ("normal", neste caso, deve ser remetido a sua origem etimológica: o que segue a norma. Não tem nada a ver com "natural", por exemplo), a condenação é imediata. Usuários de drogas, criminosos, praticantes de formas alternativas de sexualidade, ateus, socialistas, são simplesmente indignos de qualquer consideração, solidariedade, respeito. Devem ser rápida e, se necessário, violentamente enquadrados e endireitados.
O que há em comum é o forte desejo de manutenção, de conservação. As regras devem ser mantidas a qualquer custo. Os costumes arraigados são confortáveis, seguros... portanto, necessários. Há que defendê-los de todas as formas possíveis. Pensar alternativas é custoso, doloroso e ameaçador.

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